segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Vazio!

Mais uma vez um vazio tomou conta de mim, ou será que sou apenas um vazio querendo parecer algo com conteúdo? Ou sou vazio por querer espaço infinito para conter tudo e todos?
Sinto que faltam paredes e por isso não contenho o que quero, o que amo, o que almejo, o que espero.
Mas se fosse um vazio, não haveria tantos sentimentos guardados dentro de mim. Se os retenho, tenho algo invisível como paredes que me ajudam a guardá-los.
Talvez eu seja uma existência pequena demais e por isso não haja espaço para as outras coisas que quero.
Como querer mais do que se consegue conter?
Como esvaziar-se a si mesmo e receber o melhor? Como se livrar do que não serve para poder conter o que realmente importa?
Deus, dá-me espaço e, se preciso for, alivia a minha bagagem... Mesmo que eu ainda a queira!

Raposinha!

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Verso e prosa

Meus versos, pedaços de um amor quebrado, quebra-cabeças faltando pedaços, vida que não se encaixa!
O amor contado em prosa e verso, eu toda prosa, recitando versos, e o inverso reinou, desabou o amor.
Feriu minha estrofe, dissipou minha inspiração, faltou a respiração, meu ar, meu chão.
Caiu um céu de temáticas em minha cabeça, rachou minha mente, perdi a inspiração.
Amor Eros, o que mais é que um sentir sem serventia? Amor de homem/mulher, efêmero, intransigente e exigente, molda daqui, aperta dali e pronto, você nem sabe mais quem amou!
Depois de ajustar, juntar as peças, ainda faltam os pedaços, fatias do que um dia fomos nós. Ainda há lados obscuros, ainda há curvas nas estradas e estradas escorregadias... E capota o coração!
Vivo na vertigem do que vivi, tonta, nauseada, nocauteada com a realidade do ‘acabou’!
Para que serve o romance, as fotos, os bilhetes, presentes com significados, passeios de mãos dadas, juras de amor?
Para que servem os planos, os desejos? É tudo mentira, ficção?
Ilusão, ilusão, amar é uma ilusão!
Para que serve o burro do coração?


Raposinha!

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Recriar constante!


Ouvi um ‘Eu te amo’... Juro que ouvi!
Senti um ‘Eu te quero’... Não resisti!
Tento fugir – mentira – me entrego, é só você se aproximar assim!
De mansinho, bem de mansinho... Como quem não quer nada, mas quer tudo e vai levando o meu tudo e deixando-me na estrada... Sozinha, fugindo de ti, procurando por ti!
Sofrendo por mim, por nós, quantos nós tenho mais a desatar?...
Ato, desato, me enlaço, me desfaço, me refaço...
E a vida continua! E você partindo meu coração, partindo seu coração, partindo sem direção!
Amanheceu e eu nem dormi. Enlouqueci e nem senti. Você se foi e eu aqui!
Onde está você, motivo de minha insônia? Onde me aquecer, calor dos meus abraços? Onde me saciar da sede dos seus beijos? Onde descansar, se te escolhi como meu regaço!
Seus olhos que vasculham dentro de mim, arrancando as chamas que julgava extintas, como de uma Fênix que ainda nem saiu das cinzas. Arranca-me de lá, renasço e volto a arder nas infinitas chamas, num enfermo recriar constante. Outra vez sem você, mais uma vez sem você, amor que dura para sempre. Amor mais lindo, amor mais doído!
Enquanto isso, nas chamas, sinto-me cremar na eterna lembrança de ter você!

Raposinha!

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Imortal

Sinto frio!
Está quente e sinto frio!
Minha alma estremece, meu peito gela, minha mente acelera.
Era, era, era prá ser!
Não passou, simplesmente deixou de ser o que era prá ser!
Era eterno, pretérito! E pretérito dos mais imperfeitos.
Um mistério, uma cilada! Seria - não foi - mas era prá ser!
Final de parada, no início da chegada, sem ninguém a te esperar.
O beijo ao fim do percurso, as palavras doces do encontro no início de uma eternidade. Não encontrei nada além de uma estação vazia!
Eternidade, eterna idade, eterna criança... Buscando em outros uma extensão de si.
O peito que alimenta não é a mãe, e sim a auto-suficiência alimentar. O ser parasita que somos, alimentando-nos dos nossos sonhos criados co-dependentes do outro.
Como perder a auto-suficiência? Como se sentir saciado sem a extensão que nos dá vigor?
Sou fraca, essa é a verdade! E isso é o presente, não fui, não serei, apenas sou, sou fraca.
Impotente, talvez até ignorante, indigente.
Nada importa, nada sou, nada restou!
Estaca zero, cravada no meu peito. Morte à criatura que teimou em ser imortal na sedenta ânsia de dar amor.
Sinto frio, minha alma geme, meu amor se foi!

Raposinha!

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Escuridão!


Hoje acordei e não te vi ao meu lado,
Você já não estava, mas ainda te sentia.
Olho lá fora e desejo que a noite chegue mais depressa.
Visto-me de preto para fazer parte da escuridão,
Dor, luto, rejeição.
Nos sonhos estamos mortos,
Nas noites estamos sozinhos,
Na vida estamos lutando e sofrendo.
Todos chamam de vida o acordar a cada dia;
Quanto mais vivemos, mais morremos.
Ou ninguém sabe que a morte se aproxima mais e mais a cada amanhecer?
A vida é difícil com você,
A vida é mais difícil ainda sem você.
Como resolver a questão?
Viver a cada dia pensando que um dia, enfim, o esquecimento tome conta de mim, de você.
Em pensar que a vida tem sido luto, antecipação do nosso não existir.
Fraqueza, franqueza, medo, rejeição e dor.
Tudo isso acabou abafando nosso amor!


 
Raposinha!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Momento de renascer!

Resolvi viver com alegria, porquanto, tendo de viver, meus olhos teimam corajosamente acordar-me todos os dias.
Redescobri que viver é amanhecer e ser beijada pelo sol.
É dilatar a pupila com a luz que emana da imensidão do céu.
Também no frio, ter os pelos eriçados e sentir um arrepio.
Tudo isso denuncia a vida!
Refleti que os sonhos, não são todos para serem realizados; algumas frustrações nos fazem dar valor àqueles outros sonhos que com suor conquistamos.
Aprendi que a vida é realmente muito dura para quem é mole; isso não é um adágio de velho, isso é sabedoria.
Consenti em deixar minha mente dominar meu coração, fazendo assim, escolho por que ou por quem vou sofrer, e se vou sofrer; e isso me fez muito forte!
Redefini minhas metas e hoje elas são a longo e médio prazo; tudo o que é ‘prá já’, ou fica mal elaborado, ou fica inacabado. Quero realizar, conquistar e isso pede tempo!
Analisei minha vida e simplesmente floresceu intensamente a minha essência; o que sou, lá no fundo, é belo demais para que eu me sinta fragmentada e veja ‘no outro’ uma muleta ou uma prótese. Sou inteira, com alguém ou mesmo sem.
Viver é difícil, simples, fácil, gostoso, demais, de menos, importante ou não. Depende de como são feitas as nossas escolhas.
Escolhi viver do jeito que sei e do jeito que sou, e fiquei bela (é incrível como ter as rédeas de sua vida nas mãos te faz mais bela)!
Escolhi ouvir mais a mim mesma antes de agir, e isso me fez mais responsável.
Escolhi que o que serei amanhã, em essência, não será tão diferente do que sou hoje, mas agindo como realmente sou, atrairei mais pessoas interessantes a mim e isso realmente me fará crescer mais!
Viver é estado de espírito, e o meu, graças a Deus, tem sido imensamente iluminado!
Momento Fênix de ser. Momento de renascer!



Raposinha!

sábado, 21 de agosto de 2010

Distância!

Quando você não me tem, é quando você é mais meu.
Como a distância faz bem para o nosso amor!
Quando estou longe é quando mais me quer.
Quando estou longe é quando mais me sente.
Quando estou longe é quando mais se aproxima.
Vem, vem, vem depressa. Não deixe isso passar.
Quem sabe enfim, consiga ver que o amor platônico não é mais belo que o amor compartilhado, real.
Vem enquanto te quero. Vem enquanto te espero. Mas não venha do mesmo jeito. Venha diferente, traga-me surpresas.
Deixe as dores de fora, deixe os castelos de areia que qualquer vento derruba.
Deixe o passado onde ele deve ficar. Deixe as dores de outrora te fazerem crescer... e só!
Venha com força, com vontade. Venha com coragem para vencer!

Venha para ser feliz de verdade!


Raposinha!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Pararia o tempo naquele dia!

Pararia o tempo naquele dia,
Se soubesse que a felicidade me faltaria.
Pararia o tempo naqueles instantes,
Em que as luzes da noite se acendiam fazendo o Vidigal ser tão belo. Escondendo muita tristeza e muita alegria, mostrando só a beleza da noite acesa.
Pararia no momento em que as águas do mar reverentemente se debatiam com força nas rochas, quem sabe tentando fazê-las mais flexíveis?
Pararia o tempo naquele momento, em que o silêncio falava mais alto,
Em que as palavras eram supérfluas, em que o tudo era dito nos toques e na contemplação.
Pararia no momento do vôo das aves marítimas, que nos ensinavam que às vezes temos que voar, mas que é bom ter ninhos.
Pararia o tempo naquele lugar – Arpoador – lugar de encontros, beleza e romances.
Pararia, pararia, pararia para sempre... se soubesse que não voltaria a ter a alegria e a paz que senti, quando estive naquele lugar.
Arpoador na lembrança, saudade e dor!

Raposinha!

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Futuro

Prever o futuro é desperdiçar o presente e remoer o passado.

Viver no futuro é não aprender com o que se passa ao seu redor e desperdiçar a chance de ser melhor, quando enfim, o futuro chegar.
Viver pensando no futuro é viver de utopia, – futuro? – afinal, quem tem certeza mesmo de um dia estar lá?
Futuro é uma palavra que por si mesma já designa a incerteza, pois o homem é um ser mutante. Muda de roupa, muda de casca, muda de idéias e é nisso que reside a incerteza do que virá.
Hoje você quer, amanhã não quer. Hoje você tem, amanhã, não.
Hoje você não tem, amanhã poderá vir a ter.
Viva o hoje, sonho hoje, sabendo que o que vai receber pode não ser nada daquilo que pensou, mas com a certeza de que, vivendo o hoje, saberá apreciar tudo de bom que a vida poderá te dar.
Se o futuro realmente existir!

Raposinha!

sábado, 14 de agosto de 2010

Mente que mente!


Mente insana, que me atormenta,
Aumenta a dor, arrebenta,
Quebra a resistência e sufoca a essência de todo meu ser.

Mente inquieta - dê-me um descanso,
Já não há mais canto, nem encanto,
Nessa vida que jaz no cativeiro de dor.

Mente problemática, assola a minh’alma,
Deserta de encantos, sonhos e esperança.
Minh’alma perdida, que vaga e divaga, por um ciclone de impressões,
Suposições, revelações, que me enchem de dúvidas, nada de respostas.

Mente que mente, que sofre e faz padecer meu corpo,
Mente que deseja o amor e sofre, angústia e dor.
Mente que trabalha em meu desfavor.

Mente, mente, mente, que o sonho não acabou!

Raposinha!

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Bem-me-quer?

Encontrei uma flor!

Bem-me-quer, mal-me-quer,

Bem-me-quer, mal-me-quer,

Bem-me-quer, mal-me-quer,

Bem-me-quer, mal-me-quer,

Bem-me-quer, mal-me-quer,

Bem-me-quer, mal-me-quer,

Sobrou uma única pétala, BEM-ME-QUER...

Descubra isso antes de despedaçar a sua flor!

Raposinha!

Matemática que me mata


Quantas vezes resisti a ajudar alguém quando deveria ter ajudado prontamente?
Quantas vezes ajudei, sem que fosse pedida minha ajuda?
Quantas vezes resisti a simplesmente me deitar e dormir?
Quantas vezes disse não, hoje?
Quantas vezes disse sim, quando deveria ter dito não?
Quantas vezes disse não, quando deveria ter dito sim?
Quantas pessoas prestaram atenção no que fiz por amor?
Quantas pessoas ficaram gratas pelo que lhes fiz de bom?
Quantas se enfureceram pelo que nem lhes fiz por mal?
A vida é contada por anos, meses, dias, horas, segundos. Tudo é exato! Mas também é a única coisa em que a matemática, se somados os valores pessoais, debitados os horrores de suas dores, o resultado nunca vai ser satisfatório.
Para ser exato, há que se medir a dor de cada um! Como sentir a dor alheia?
Será fogo que queima, vento que arrasta, lança que despedaça?
Será sufocar com ar suficiente para respirar ou como morrer de fome diante do jantar?
Estou em crédito ou débito na história da minha vida? Sinto meu cofre vazio, mas espere, não tenho um cofre, tenho um coração, daí, o motivo da minha dor!

Raposinha!

Nosso lar!


Nosso lar!
 Lembra quando tudo fazia sentido?
Quando o dia amanhecia acordado por nossas conversas?
Quando a noite escondia a lua, envergonhada da forma descarada com que fazíamos amor?
Lembra-se do nosso lar? Da cama com lençóis amarrotados, banheiro molhado do banho juntinho e de como o sabonete derretia pela demora em que corríamos com ele, cada qual no corpo alheio?
Aliás, corpo alheio não é um termo que caiba, pois nos pertencíamos mutuamente.
Lembra das canecas e do café quentinho?
Lembra do sorriso preguiçoso e do beijo com bafinho? (Nada melhor do que começar o dia com um beijo de bafinho).
Incrível como tudo é tão real, apesar de ser tudo imaginário. Como é difícil perder o que não se teve. Como é difícil não ter forças para lutar pelo que se desejou com toda alma, todo fôlego de vida!
Lembranças verdadeiras, falsas lembranças, dias difíceis, dias que não chegaram nunca.
Nosso lar! Onde erramos? Construímos castelos de areia? O vento derrubou ou o lobo mau quem soprou?
Foi tudo em vão? Utopia, pilantragem do destino, hora errada? Quero uma resposta.
Quero nosso lar! Quero você!

Raposinha!

Quem?

Escondi meu coração dentro de um turbilhão de afazeres.
Crio, recrio, invento e reinvento.
Esqueço, enfraqueço, desfaleço.
Não há mais espaço para dor – a paralisia adormeceu minh’alma, tirou minha calma e fez do meu ninho uma coroa de espinhos.
Não há mais espaço para a felicidade – ela se foi, ou será que ficou? Não sei nada além do fato que se ficou, ficou longe de mim.
Nem mesmo eu estou por perto. Às vezes me vejo vagando, divagando, me fraudando, fugindo, fingindo não sentir nada, sem saber que a indiferença sobre meus próprios sentimentos há-de me fazer sofrer bem mais.
Não sei se estou sóbria ou se tenho permanecido ébria em meus devaneios mais loucos, em que o torpor do que sinto se transforma numa paz que para mim, devido aos fatos, só pode ser ilusão.
Não sei se estou viva ou morta, dormindo ou acordada, no limbo ou iluminada.
Sei que não sei mais quem sou!


Raposinha!

Por que as rosas murcham e tem espinhos?


Existiu um tempo em que as rosas não tinham espinhos e não murchavam.
Todas viviam ao sabor do vento, exalando seus aromas, gotejadas pelo orvalho e energizadas pela luz do sol. Suas preocupações eram com o que vinha do alto todos os dias como bênção, a água e a luz.
Um deus começou a observá-las. Ao serem admiradas, ficaram fascinadas com os olhares e envaideceram-se.
A vaidade fez com que cada uma delas disputasse a atenção do deus e o deus, por sua vez, queria observar se havia realmente alguma diferença entre elas.
As rosas esperavam ansiosas pela visita do deus e as que estavam mais próximas das bordas do campo foram as primeiras a serem acariciadas, cheiradas. Sentiram o afago daquelas mãos, o carinho daquele cheiro e envaideciam-se ainda mais ao ouvirem o que o deus falava delas: “Que pétalas suaves ao toque”, “que odor magnífico”, “que cor exuberante”, “não me canso de admirar”. Só podem ter sido criadas por um deus maior que eu. Uma ia falando às outras também de suas impressões ao toque, ao carinho, ao lisonjeio das palavras. Todas queriam sentir o “toque do deus”!
O deus, ao começar a avançar sobre as rosas das laterais para se aproximar das rosas centrais, pisoteava as que tiveram outrora recebido afagos tão desejados, e estas, sentiam dor. Pouco a pouco, todo o campo de rosas estava destruído! O deus queria uma só para ele, mas não se decidia por nenhuma. Todas pareciam diferentes à distância, mas ao chegar mais perto, as via como iguais, e sem perceber, destruiu a cada uma delas!
O deus então se foi. Mesmo tendo desfrutado de toda beleza e apreciado extasiado cada odor, nem olhou para trás. Só se lembrou do campo destruído, e tomado de remorso, se encolheu em seu aposento, abandonando as rosas, mas sofria ao se lembrar delas.
Como o orvalho e o sol não se conformaram com aquela destruição, resolveram juntos dar o que aquele campo de morte precisava: vida de novo!
A chuva fininha regou o solo, o sol deu energia e tudo cooperou para o restabelecimento da beleza de outrora. As rosas renasceram, os brotos estavam fortes e algo havia mudado nelas. Havia espinhos por toda extensão dos seus caules. Esses espinhos não feriam as rosas, mas sim, quem as tocasse. Os espinhos são as cicatrizes das feridas causadas pelos pés daquele deus, cuja presença, noutro tempo era tão desejada.
Por isso as rosas até hoje tem espinhos no caule. Para tocar numa rosa é preciso ser muito cuidadoso. Quem toca numa rosa sem o devido cuidado a faz murchar, mas não sai de perto sem também ficar ferido.
Raposinha!

O meu lar

Oh, como é motivo de paz voltar para um lar! Talvez se eu tivesse apenas uma casa, o retorno seria trágico, mas tenho um lar.
Não é um lar como os das novelas, tudo em seu devido lugar, ausência de preocupações e poeira nos móveis, pessoas sem problemas existenciais ou outras coisas que só existem na ficção; coisas que nos fazem olhar o que temos e desejar o impossível e esquecer-se de agradecer as dádivas com que nosso Deus nos abençoou.
Meu lar é um lugar aconchegante. Tenho sobrinhos, irmãos, mãe, animais de estimação, amigos com freqüência, casa para varrer todos os dias, comida para fazer e cozinha para arrumar. Além disso, tem os gritos. Aqui em casa quase todo mundo grita, briga, xinga e se ama assim mesmo.
Posso discordar, concordar, participar, não participar, dormir se tenho sono, comer se tenho fome, me abrir, pois sei que quem convive comigo me ama... Simplesmente o amor faz a diferença!
Sou feliz aqui! Minha vida simples, com muitas privações pela ausência – nesse momento – do sucesso profissional que almejo e do amor que perdi (?).
Meu Deus! Como demorei a crescer! Só após ser rejeitada por quem deveria me acolher descubro que tenho um lar. Descubro que posso fazer tudo daqui. Nada melhor que o seu lar.
Triste daquele que tem uma casa para sobreviver. Viver mesmo, com qualidade de vida, só no seu lar, mesmo que seja uma casinha de sapê!
Nem tudo é alegria. Para termos um lar temos muitas vezes que nos afastar de coisas e principalmente pessoas pelas quais daríamos (ou demos?) a vida. Enquanto a dor dá as mãos à esperança de uma mudança, tudo bem. Quando a esperança se vai, nosso instinto de sobrevivência liga um botãozinho de emergência e diz: volte para o seu lar, vai se cuidar, ninguém cuida de ninguém enquanto “estiver despedaçado”.
No lar nos fortalecemos para as mesmas batalhas ou outras batalhas, sendo que a dor que nos despedaçou nos tornou fortes o bastante e até frios para não entrar mais numa batalha sem uma tática de guerra completa.
Deus está no controle, esse é o título da minha nova vida. Do novo rumo que resolvi seguir.
Estou longe de quem amo – trezentos e quatro malditos quilômetros – mas trago-o aqui, colado em meu ser, como parte de mim.
Deus está no controle! Deus está no controle! Deus habita o meu lar!

Raposinha!

Bem-me-quer, mal-me-quer!


Grita comigo, esperneia, revolte-se, pois me vou.
Finja que me odeia, finja que se odeia, arrume desculpas para não me perder,

me perdendo.
Mostre-se intolerante para disfarçar a dor do afastamento...

São só mais algumas horas e estarei longe.
Cale-me com um grito, enerve-se com minha frieza de espírito,

cala a sua dor com sua cólera.
Diz que não me ama, diz que não se ama

– bem me quer, mal me quer –

despedace a flor!
Arrependa-se, peça perdão, pelos gritos, pelos insultos, depois me beija, diz que me ama no último segundo de despedida.

Depois se arrependa de novo e sofra.
Vamos brincar de quem aguenta mais?
Chora daí, eu choro daqui. Nenhum dos dois vê!
Vamos brincar de apagar sentimentos?
Deite-se para dormir, deito-me para dormir!

Um rivotril por favor?
Ganho eu, ganha você – dor e solidão!
Perco eu, perde você – todo sonho que se sonhou, todo plano que não se executou,

toda vida que não se viveu!
Fim!



Raposinha!