segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Por que as rosas murcham e tem espinhos?


Existiu um tempo em que as rosas não tinham espinhos e não murchavam.
Todas viviam ao sabor do vento, exalando seus aromas, gotejadas pelo orvalho e energizadas pela luz do sol. Suas preocupações eram com o que vinha do alto todos os dias como bênção, a água e a luz.
Um deus começou a observá-las. Ao serem admiradas, ficaram fascinadas com os olhares e envaideceram-se.
A vaidade fez com que cada uma delas disputasse a atenção do deus e o deus, por sua vez, queria observar se havia realmente alguma diferença entre elas.
As rosas esperavam ansiosas pela visita do deus e as que estavam mais próximas das bordas do campo foram as primeiras a serem acariciadas, cheiradas. Sentiram o afago daquelas mãos, o carinho daquele cheiro e envaideciam-se ainda mais ao ouvirem o que o deus falava delas: “Que pétalas suaves ao toque”, “que odor magnífico”, “que cor exuberante”, “não me canso de admirar”. Só podem ter sido criadas por um deus maior que eu. Uma ia falando às outras também de suas impressões ao toque, ao carinho, ao lisonjeio das palavras. Todas queriam sentir o “toque do deus”!
O deus, ao começar a avançar sobre as rosas das laterais para se aproximar das rosas centrais, pisoteava as que tiveram outrora recebido afagos tão desejados, e estas, sentiam dor. Pouco a pouco, todo o campo de rosas estava destruído! O deus queria uma só para ele, mas não se decidia por nenhuma. Todas pareciam diferentes à distância, mas ao chegar mais perto, as via como iguais, e sem perceber, destruiu a cada uma delas!
O deus então se foi. Mesmo tendo desfrutado de toda beleza e apreciado extasiado cada odor, nem olhou para trás. Só se lembrou do campo destruído, e tomado de remorso, se encolheu em seu aposento, abandonando as rosas, mas sofria ao se lembrar delas.
Como o orvalho e o sol não se conformaram com aquela destruição, resolveram juntos dar o que aquele campo de morte precisava: vida de novo!
A chuva fininha regou o solo, o sol deu energia e tudo cooperou para o restabelecimento da beleza de outrora. As rosas renasceram, os brotos estavam fortes e algo havia mudado nelas. Havia espinhos por toda extensão dos seus caules. Esses espinhos não feriam as rosas, mas sim, quem as tocasse. Os espinhos são as cicatrizes das feridas causadas pelos pés daquele deus, cuja presença, noutro tempo era tão desejada.
Por isso as rosas até hoje tem espinhos no caule. Para tocar numa rosa é preciso ser muito cuidadoso. Quem toca numa rosa sem o devido cuidado a faz murchar, mas não sai de perto sem também ficar ferido.
Raposinha!

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