terça-feira, 21 de julho de 2009

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Beijo da raposinha!
Carpe Diem

O alcance de uma oração

Vou contar a bela história de um bispo católico, que bem ilustra a importância da vida contemplativa.

Na juventude, ele era freqüentador assíduo de prostíbulos. Cultivava esse hábito como um modo de vida mesmo. Um vício que tomou parte da rotina de sua vida.

Certo dia, dentro de um desses prostíbulos, avistou uma bela menina no meio de tantas outras, que lhe prendeu a atenção de modo absolutamente inusitado. Essa jovem o olhou diretamente nos olhos, para, logo em seguida, sumir no meio da penumbra típica do lugar. Ele ficou encantado com a imagem paradisíaca daquele belo rosto e fixou em sua mente o olhar da moça; um olhar que não esqueceria jamais.

Ele aguardou calmamente mais um tempo dentro daquele lugar, esperando vê-la sair talvez de alguma cabine, depois de satisfazer um cliente qualquer. Mas ela estava demorando pra voltar e o rapaz começou a procurá-la. Perguntou às outras moças da casa sobre aquela que se tornara seu sonho de consumo imediato. Mas, estranhamente, as “colegas” da mais bela de todas as raparigas que já vira não sabiam de quem ele estava falando; não se lembravam de nenhuma colega com as características descritas por ele. O rapaz saiu um tanto confuso e desolado.

Voltou ao mesmo local diversas vezes depois e... Nada de encontrar novamente a mais bela de todas. Passou a procurá-la em outros prostíbulos e também nada. Jamais havia se sentido tão frustrado antes. Desgosto profundo. Desistiu da busca e desanimou dos prostíbulos e das prostitutas. Não havia mais sentido em freqüentar aquele mundo. Em verdade, parecia ter perdido o gosto por mulher. Já não lhe apetecia. Estranho, mas estava acontecendo.

Daí por diante, as coisas mudaram irremediavelmente para melhor. O jovem rapaz encontrou Jesus, o Cristo, e experimentou uma profunda transformação em sua vida. Uma guinada de cento e oitenta graus, pode-se dizer. Passado algum tempo de conversão, decidiu abraçar a vida religiosa. Mais adiante recebeu o sacramento da ordem. Muito tempo depois, sagrou-se bispo. E, então, as lembranças do passado já não eram mais que fumaça dissipada. Quando vinham à mente, não vinham jamais em forma de tentação. Sobressaía apenas uma leve sensação de desgosto por jamais ter encontrado aquela moça...

Foi transferido para uma nova diocese e logo iniciou uma série de visitas pastorais e de apresentação. Numa dessas visitas compareceu a um convento de freiras que viviam enclausuradas. Cumprindo o protocolo de praxe, o bispo foi apresentado à superiora do convento e, posteriormente, “passou em vista” as demais irmãs. Nesse momento da visita, ocorreu o inesperado: ele avistou aquele olhar cujo desenho era nítido em sua memória. O rosto também lhe era tão familiar, como se o tivesse visto no dia anterior. Mesmo com as rugas senis, a fisionomia era a mesmíssima. Agora, no entanto, havia a moldura do hábito religioso; uma visão esplendorosa que jamais poderia ter concebido naquele tempo de trevas de sua história pessoal.

O impacto somático foi imediato. A taquicardia e o calor súbitos que imediatamente lhe tomaram de assalto, corolário óbvio daquele episódio surreal, eram provas cabais de que a bela jovem, aquela mesma da brevíssima aparição de muitos anos atrás, ressurgira ali mesmo, naquele instante. Não havia espaço para a dúvida. A certeza era absoluta. Mas ele respirou e respirou e... Conseguiu conter os efeitos visíveis daquela explosão de adrenalina. Esperou o almoço.

Aquela ansiedade quase insuportável o fez tomar a refeição com esforço e pressa muito mal disfarçada. Então, encheu-se de coragem e dirigiu-se à superiora, dizendo que “queria conversar com aquela irmã que sentou na quarta cadeira depois da senhora, madre. Eu acho que a conheço, mas não me lembro o nome... A senhora sabe de onde ela é? Conhece a história dela?” A madre mal disse o nome da indigitada irmã e logo a chamou. O bispo novamente procurou disfarçar a forte emoção, mas, vendo que agora ela se aproximava, já não sabia como deveria interpelá-la ou o que deveria perguntar, se é que deveria...

Ela se apresentou e, já informada da dúvida do bispo, passou a falar-lhe de sua cidade natal, nome de família, as instituições de ensino que freqüentou e outros detalhes de sua trajetória de vida, sempre com solicitude e paciência, imaginando que a qualquer momento o bispo a interromperia, para dizer, enfim, de onde a conhecia. A serenidade e sobriedade no falar daquela mulher acalmaram o bispo. Ele a ouviu atenta e pacientemente, mas nada do que ela disse remetia ao local do breve contato visual que haviam travado. Enquanto ela falava, ele a olhava fixamente e firmava o olhar em seus olhos na vã esperança de que ela o reconhecesse, mas... Nada.

Até que decidiu perguntar-lhe objetivamente: “irmã, por favor, não se ofenda, mas eu preciso saber: a senhora trabalhou em algum prostíbulo quando mais nova?” Diante da expressão de perplexidade no rosto dela, ele receou estar constrangendo-a inutilmente. Mas, de fato, ela não havia se perturbado com a indiscreta pergunta e respondeu calma e sorridente: “Não, senhor, jamais pisei em lugar desse tipo. Mas é interessante o senhor me perguntar sobre isso... é que, curiosamente, desde há muito me dedico à oração de intercessão pelos homens que freqüentam prostíbulos. Sempre peço a Deus que sejam libertos desse vício e que se convertam.”

Num átimo de segundo, tudo ficou claro e cristalino. Ah! Os caminhos de Deus...

“Irmã, suas orações foram ouvidas. Eu sou a prova viva disso.”

Agora ele estava contando a ela sua trajetória de vida, completamente extasiado de alegria incontida. As lágrimas corriam livres e soltas como num encontro de velhos amigos que realmente se amavam e que haviam sido privados da presença um do outro durante tempo demasiado. E apesar de todo o tempo em que não se viram, estavam absurdamente gratos a Deus, porque agora, enfim, toda aquela distância no tempo fazia sentido e, ainda por cima, tinha o condão de agigantar a beleza do maravilhoso milagre que se revelara num reencontro de amigos que simplesmente não se conheciam.

Deus é maravilhoso!

Pax et bonum.

Crédito:
Fabio,
Advogado, católico.
E meu amor em tempo integral!

Beijo da Raposinha!
Carpe Diem

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O Urso e a Leoa

A vida é uma caixinha de surpresas. Encontros inusitados, amores impossíveis que se tornam possíveis. Esse é um conto que começa no dia em que o Urso se apaixonou pela Leoa. Taí seu conto, amor meu! Um beijo da sua Leoa, meu Urso!

Em um tempo não muito distante, havia uma regra no reino animal onde só poderiam se unir os animais da mesma espécie. Tudo era calmo e tranquilo, até que um dia, dois animais descobriram que a vida lhes reservava uma surpresa.
Um Urso, muito forte e bonito, olhou diferente para uma Leoa. Seus olhares se cruzaram e aconteceu o inevitável, os dois se apaixonaram.
Não havia quem dissesse que esse amor era possível.
O Urso territorialista, forte, a Leoa com status de “autoridade”, temperamental e ciumenta. Ele Urso, ela Leoa, já começava por aí. O Urso era diferente demais da Leoa, impressionava-se com seu porte, achava que seria apenas um súdito daquela linda majestade. O Urso ainda não tinha visto o amor brilhando nos olhos daquela Leoa.
Os dias passaram e os comentários começaram a aparecer. E o Urso foi ter com a Leoa.
Um oi meio engasgado e a Leoa surpresa com a atitude do Urso correspondeu à sua abordagem e daí em diante, não mais se separaram...
A floresta estava ruidosa naqueles dias, até que o Urso e a Leoa resolveram falar abertamente sobre seu amor.
Os animais foram contra, mas a Leoa, com sabedoria, disse aos demais:
- Não podemos ficar juntos por causa das regras? E se eu mostrar que existe uma regra que nos obriga a ficar juntos? Uma regra que é mais poderosa que a regra das espécies? Vocês aceitariam a nossa união?
Os animais pensaram e discorreram entre si e enfim, a coruja, sábia conselheira, disse pelos outros que sim.
A Leoa então fez seu breve discurso:
- Todos sabemos que existem regras em comunidades que são para ser cumpridas. Sabemos também que não adianta impor uma regra que vá contra a natureza dos seres. Então, como impor uma regra que limita a ação do coração, órgão vivo, autônomo, que não se importa com o que o cérebro ordena, faz o que sente e não é sujeito a nada e nem a ninguém?
A Leoa se calou, olhou para seu Urso e esperava a reação dos outros animais. Foi quando a tartaruga, a mais velha dos bichos disse:
- Em minha longa vida, nunca vi o amor perder uma única batalha.
Os bichos aceitaram, pois contra o amor não há regras, não há argumentos, não há talvez.
E o Urso e a Leoa puderam viver felizes, juntos, curtindo a delícia de suas afinidades e diferenças. O Urso dominava a Leoa e a Leoa se sentiu frágil, deliciosamente frágil diante da força do Urso. E o Urso tinha tudo daquela Leoa, o amor que nunca havia encontrado, a parceria perfeita para sua vida. Nunca houve amor maior.
E viveram realmente, felizes para sempre... Até os dias de hoje e com a certeza absoluta do amanhã.

Beijo da Raposinha, que também é Leoa...
Carpe diem!