quarta-feira, 29 de abril de 2009

Lobos e fantasmas


Quem não acredita em fantasmas?
Eu não acreditava até conviver com um amigo meio Phantom, notívago e louco.
Loucuras aprendi e medos senti. Ouvia o uivo rouco de um lobo e uma alcatéia inteira de lobas vinha correndo ao seu encontro.
O cenário era desolador, de belo, só o luar ao fundo e o eco do som do lobo. Sua vida começava de madrugada.

A vegetação era rasteira, e o lobo não tinha como se defender. Ficava com isso exausto, não havia um arbusto sequer capaz de esconder a vulnerabilidade do lobo. E a alcatéia era a platéia, para quem, imponente, disfarçadamente esse lobo se mostrava, mas o coração do lobo era angustia e frustração, pois descobriu que era apenas uma lenda.

Havia também fantasmas e personagens com seus nomes inventados. Conheci vários deles: Gaspar, Freds e Fredericos, de todos os tipos, para diferencia-los, só através de numerações diversas.

Entrevistando o lobo descobri muitas coisas. Descobri que ele sonhava, ele tinha desejos e tinha problemas. Esse lobo amava uma loba. E essa loba correspondia, mas ele não era digno desse amor.
Sofria com isso e, por isso, se escondia em pele de cordeiro. E o cordeiro usava os nomes dos fantasmas e personagens.
Descobri que eram a mesma pessoa. O lobo era real, os outros simplesmente “alter egos” corrompidos.

Ainda procurei o lobo para ajudá-lo, mas o lobo fugiu. Não podia mais conviver com uma pessoa que conhecia suas fraquezas. O lobo não encontrava vegetação alta, por isso fez uma cova e se enfiou, onde ninguém conseguirá encontrá-lo e ajudá-lo, até que queira.

Ainda me lembro do som da voz do lobo e do luar. Seu uivo ecoa em minha mente. Agora como um pedido de socorro, sufocado pelas sombras.
Deixei meu rastro, se um dia o lobo quiser, terá ajuda, é só farejar. Enquanto isso não acontece, sigo minha vida.
Agora, tenho que entrevistar uma águia, um leão e uma girafa. Tenho necessidade de saber como pensam as criaturas.
Mas sinto pena do lobo que, por sua vez, também sente pena de si!

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